terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

AT&T, Nokia e Microsoft: abrir para sobreviver

Fonte: Meio&Mensagem

Fazia fila na porta do auditório principal do GSMA, hoje de manhã, uns 30 minutos antes de começar o painel que tinha o provocativo título (em tradução livre) "Indo em direção a um ecossistema aberto para plataformas móveis". Afinal os participantes eram nada menos do que presidentes de três grandes empresas que estão no olho do furacão da convergência provocada pela mobilidade: Steve Ballmer, CEO da Microsoft; Olli-Pekka Kallasvuo, presidente e CEO da Nokia; e Ralph de La Vega, presidente e CEO da AT&T.

A moderação foi de Walt Mossberg, do Walt Street Journal, um dos jornalistas especializados em tecnologia mais respeitados do mundo e criador do evento All Things Digital, que em 2007 reuniu Bill Gates e Steve Jobs no mesmo palco. Mossberg abriu o painel com uma provocação. "Essa palavra mágica ‘aberto' ganha uma nova dimensão em um mundo de economia livre entre os países onde o conceito de cooperação tem cada vez mais espaço". E acrescentou: "Comparo o mundo do PC ao regime soviético, no qual software e hardware são duas dimensões completamente fechadas e separadas, como era o mundo até a queda do Muro de Berlim, separado entre comunismo e capitalismo". O recado era claro para o principal palestrante do painel, Steve Ballmer.

De La Vega, da AT&T, destacou que em um mundo onde a plataforma de mobilidade realmente for aberta é necessário criar mecanismos para proteger a segurança dos consumidores. "Como indústria, temos que propor a criação de um ecossistema aberto inclusive no que diz respeito ao modelo de negócios. Mas não podemos esquecer que isso implica maior transparência na relação com nossos clientes", destacou. Ele salientou projetos como o australiano Bondi da OMTP (Open Mobile Terminal Plataform) e o Android, do Google, que foram desenvolvidos exatamente para um ambiente aberto.

Com o título "Aberto para mudar", a palestra do finlandês Olli-Pekka Kallasvuo me surpreendeu e foi a melhor do painel, apesar de seu inglês de difícil compreensão. Ontem, eu tinha assistido a uma rápida apresentação de Olli (como é conhecido), na coletiva dos lançamentos da Nokia, mas hoje realmente ele demonstrou que está absolutamente antenado e preparado para esse novo cenário de convergência materializado na mobilidade.

"Um ecossistema aberto para plataformas móveis vai muito além do open source, das padronizações abertas e das tecnologias abertas. Ele muda o modelo de negócios, pois inverte a relação com o consumidor, que passa a ser o grande decisor que irá fazer cada vez mais novas escolhas em uma velocidade muito mais rápida".

O presidente da Nokia concluiu dizendo que o fato de estarem no palco três importantes players da indústria de telefonia/tecnologia já é sinal claro e histórico de mudança. "Microsoft e IBM são concorrentes, mas trabalham juntas para desenvolver soluções e aplicativos que podem ser usados nos nossos celulares. Ser aberto não significa que você irá abrir seus portões para deixar qualquer um entrar. Mas sim colocar parte do seu negócio a serviço do mundo e do mercado e, principalmente, do consumidor".

A última palestra foi de Steve Ballmer, que estava com ponto eletrônico na orelha e performou seu característico show of, dizendo obviedades sobre inovação e convergência e não convenceu a audiência com seu discurso um tanto contraditório sobre plataformas abertas. "Um mercado aberto é um dos pontos críticos da nossa indústria. Na Microsoft estimulamos a inovação por meio de uma abordagem aberta demonstrada pelas parcerias".

No debate final, coube brilhantemente a Walt Mossberg voltar ao tom provocativo que tinha dado a deixa na sua colocação inicial. Ele questionou Ballmer sobre a questão da abertura ser um drive do consumidor e não da indústria e citou o exemplo da Apple com o iPhone, lançado inicialmente fechado, mas devido a uma demanda de seus usuários acabou abrindo sua plataforma de aplicativos para desenvolvedores em fevereiro de 2008.

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